Para morrer de rir!

Às vezes, quando eu estou com saudade daquela gargalhada, procuro alguma coisa para me alegrar um pouco, nem que seja uma pegadinha da TV... Foi o que fiz recentemente. Perdi a compostura e fiquei com dor no abdome... Preciso compartilhar dois, que bombaram recentemente nas mídias sociais, para te alegrar um pouco também, caso você precise:


Um peixe fora d'água...

Fiquei realmente "intrigado" com o vídeo que vi há pouco. Vou explicar e quero que você dê a sua opinião aqui no blog para eu ler. Peço inclusive aos juristas que eventualmente tenham acesso a esta postagem para apresentarem uma posição mais técnica, se for o caso. Confesso que estou confuso!

Encerrado o julgamento do mensalão no dia de hoje, o recém presidente Joaquim Barbosa tomou a palavra para agradecer a alguns assessores que o ajudaram ao longo destes sete anos, e coisa e tal. O ministro Marco Aurélio ficou indignado com a atitude, disse que este tipo de manifestação nunca existiu na história do Tribunal, que ele deveria fazê-lo pessoalmente a cada um, que isto não deveria constar em ata, etc. Um pouco depois, o ministro Fux também pediu que isso não constasse em ata. O que o Barbosa fez, você deve imaginar: continuou seu agradecimento.

Ele questionou algumas coisas: onde está proibido isso? A resposta é que está implícito e que é a "liturgia" da casa. Ele também disse que já viu ministros fazerem exaltações a homens públicos e não-públicos, e que não via problema em agradecer aos servidores que colaboraram de maneira tão importante nos bastidores dos trabalhos... Veja você mesmo:



Que liturgia é essa? É missa? A toga é uma batina? O ministro é um sacerdote à moda antiga, blindado por formalidades e segredinhos? Todos sabemos que, por traz dos ministros, há um volumoso trabalho de muitos e competentíssimos assessores, que elaboram teses, fundamentam argumentações, etc. E qual o problema? Que heresia é essa, divulgar (eventualmente) o nome de algum assessor? O coroinha também ajuda, ora?

Acho que o Barbosa às vezes falta com a diplomacia, passa da conta... Mas o vejo sobretudo como alguém mais preocupado em fazer justiça nas suas decisões, além das formalidades... Sinto que ele paga o preço de não dominar muito bem as "liturgias" do negócio. Às vezes o sinto como "um peixe fora d'água"... Me lembro quando, no casamento da família real, a Kate fazia coisas normais, mas que eram consideradas "garfes" pelos comentaristas... Sai pra lá! Quem aguenta uma missa de costas e em latim? Será Barbosa o Lutero que precisamos? Ou sou eu que não estou entendendo nada? Me ajuda aí!

Entre a razão e a emoção

Tenho pensado ultimamente sobre a arte. Acho que não fui uma pessoa ligada à arte durante a minha infância. Nem música, nem dança, nem teatro, nem literatura... O meu contato era mais com a razão, com a ciência. Na estante da minha casa eram livros de físicos, matemáticos e personalidades (da parte do meu pai); e compêndios de medicina e ginecologia (da parte da minha mãe), com algumas exceções.

Fui estimulado a me interessar pelas matérias da escola: matemática, física, química, biologia, pelas notas e o boletim. E não pelos livros paradidáticos de Machado de Assis, José de Alencar e Jorge Amado; ou pelas poesias de Cecília Meireles, Drummond e Augusto dos Anjos. Não li nenhum. Gostava mesmo era da equação, da mecânica e da tabela periódica. Fui criado assim, apreciando as disciplinas tradicionais do currículo escolar, admirador da racionalidade fria e calculista, com resultado preciso e inquestionável.

Descobri uma face adormecida dentro de mim quando entrei na igreja. Achava bonito ser ateu, como o meu pai. Religião não se explica, nem Deus e nem a fé, e por isso não lhe dava importância. Mas a emoção me passou a perna. E caí de bunda pra baixo, completamente fascinado por uma experiência concreta, que não se descreve, mas se sente. A emoção me atestou Deus e me introduziu, pela primeira vez, na religião.

Daí em diante, me abri para um novo mundo, uma realidade cuja compreensão é relativa, imprecisa, misteriosa. O espírito humano, o sofrimento humano, as relações humanas, a psique, o sentido da vida e do homem, o místico, o transcendental.

Vivo hoje entre a razão e a emoção. Quero ser, no futuro, um professor, um pesquisador. Mas também quero levar emoção às aulas, poesia à ciência, paixão, entusiasmo, e uma piada indecorosa de vez em quando... A vida é tudo isso.

Um grande amigo da adolescência, Silvio Sá, a quem admirava (e admiro) pela sua inteligência, contava que as pessoas diziam a ele: "veja uma flor desabrochando e perceba que Deus existe". E ele me revelava: "vejo uma flor desabrochando e percebo que mitoses existem". Confesso que também não conseguia enxergar nada a mais do que a magnífica beleza das mitoses. Ele me convencia.

Não há quem o desminta. Mas, hoje, somente hoje, vejo uma flor e consigo, a partir dela, aflorar emoções adormecidas, sentimentos recalcados, lembranças esquecidas. E posso assegurar (como 2 e 2 são 4) que a beleza de uma flor transcende à magnífica beleza das mitoses.

Caçador de mim

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Composição: Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão
Principal intérprete: Milton Nascimento

O que você quer ser quando crescer? Entre o sonho e a realidade.

Chico Anísio, um gênio que dispensa apresentações, disse numa entrevista que era a pessoa mais feliz do mundo, porque quando chegava no estúdio já havia uma pessoa para entregar-lhe o figurino, outra para maquiá-lo, outra para arrumá-lo, outra para organizar o cenário e a gravação. Tudo para ele “se divertir” umas 10 horas por dia, por décadas. “E ainda me pagavam por isso”, dizia ele, sorrindo. Fiquei fascinado com o que ouvi. Uma pessoa que era tão apaixonada pelo que fazia, a ponto de a extensa jornada de trabalho à qual se submetia, representar para ele uma grande diversão, realizada com a maestria que nós conhecemos.

É... Tem gente que trabalha com esse gosto, como o nosso outro gênio Oscar Niemeyer, falecido recentemente aos 104 anos, trabalhando sempre, com um prazer e criatividade diferenciados. Encontro no meu trabalho pessoas assim. Cuja dedicação é intensa e ao mesmo tempo natural, porque tudo lhe causa grande satisfação. Mas devo dizer que são poucas. A maioria é a massa que, como eu, oferece seu corpo em troca de dinheiro, quero dizer, trabalha dignamente, recebendo ao final do mês um justo salário.

“O que você quer ser quando crescer?”. Isso já ficou pra trás. Era infantil, uma brincadeira, é diversão, laser ou hobby. Agora, na realidade, temos que perseguir incansavelmente aquela atividade que nos dê em troca, um dinheiro maior. Que possa ultrapassar o padrão do nosso conforto e nos ascender socialmente à classe luxo. "Lá sou amigo do rei"...

Aqui e ali encontro pessoas que me assustam e confundem. Pessoas diferentes, que têm a coragem de perseguir o risco de um sonho profissional, cujo valor é mais pessoal do que qualquer outra coisa. Aquelas que gostam mesmo do que fazem. Que acordam cansadas, mas encontram um entusiasmo genuíno pelo que desenvolvem diariamente no seu trabalho, e que por isso revestem-se de uma áurea diferente...

Tenho refletido há um tempo, que quero encontrar satisfação, não na chegada do caminho, mas no próprio percurso que leva aos meus objetivos. Não tenho conseguido esperar para ser feliz só quando chegar lá. Do contrário, quero encontrar alegria e entusiasmo na própria estrada da minha vida, independentemente do quanto progredi. Afinal de contas, quem garante que eu chegarei lá? Ou pior: quem garante que lá serei feliz?

Eu?

"Eu fico com a pureza da resposta das crianças:
É a vida. É bonita e é bonita”.

Falando de sexo, data máxima vênia...

Impressionado com o excesso descomunal de formalismo, no vocabulário utilizado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, num "descontraído" lanchinho (com empadinhas e outras coisas), publicado na Veja desta semana, fiquei imaginando como seria, por exemplo, o linguajar dos eminentes juristas fazendo sexo. Com suas respectivas esposas, é claro:

    - Boa noite, querida cônjuge!

  - Nutrindo grandiosa expectativa libidinosa, relativamente ao nosso periódico e satisfatório ato de conjunção carnal, fruto do mais sublime e verdadeiro sentimento afetivo que nos une em vínculo matrimonial, e com fulcro nos consagrados direitos fundamentais de liberdade e vida privada, previstos expressamente na nossa Carta Magna, declaro aberta esta sessão conjugal, seguindo o Rito Ordinário do Acasalamento.

  - Antes de penetrar o mérito, solicitaria, respeitosamente, que a minha dama promovesse, como de costume, os atos necessários à concretização do meu efetivo envolvimento subjetivo, mediante abraços calorosos e ósculos voluptuosos, correspondentes ao que a doutrina correlata denomina de "preliminares".

  - Agora, com os níveis de testosterona decolando sobremaneira no interior de meus vasos sanguíneos, e sentindo fortemente os impactantes efeitos hormonais e psíquicos decorrentes desta instintiva alteração fisiológica, sugiro a Vossa Senhoria que, ratificando meu entendimento e utilizando da mais persuasiva sensualidade e ousadia que lhe é peculiar, possa, paulatinamente, descortinar-se de sua atraente vestimenta, a fim de que me permita apreciar, a olho nu, em termos gramaticais, o "núcleo do sujeito", elevando, inevitavelmente, ainda mais, os picos de minha pressão arterial.

  - Data máxima vênia, a forma como a qual a magnífica princesa encontra-se posicionada sobre esta cama já foi parcialmente indeferida em encontros pretéritos, tudo sob o mais absoluto segredo de justiça, por razões óbvias. Urge, portanto, que a madame promova uma rotação de 180 graus sob o eixo longitudinal de seu próprio corpo, fazendo com que o volume do seu avantajado derrière, vulgarmente conhecido como "bumbum", saia da clandestinidade. Reitero que há jurisprudência nesse sentido.

  - Ordem, por favor! Rogo pelo silêncio nos recintos desta Casa, apesar da pressão proveniente das repetidas investidas do meu martelo no tabuleiro de seu gabinete. Manifesto ainda o desejo de que seja introduzido nos anais desta fálica audiência, todo o material a mim apensado, sem que fique de fora qualquer conteúdo. Por menor que seja...

  - Atingido o clímax de nossa admoestação, ocasião na qual expeli a líquida e certa sentença resolutória, com a clareza característica, propulsionada por umbilical energia e rigidez da dura lex sed lex, convicto da satisfação e gozo do direito de ambas as partes, agradeço pelos expedientes desenvolvidos com maestria por minha amada Excelência e declaro encerrados os trabalhos desta lânguida reunião.

  - É como voto.

Dos 15 aos 30...

Passados trinta anos, posso dizer que muita coisa mudou. Acompanhe meu relato:

Aos 15, fui à dermatologista cuidar das caspas. Fiz a queixa. Ela observou, recomendou um shampoo, foi com uma lupa no meu rosto e disse:
   - Compre esse remédio para combater as espinhas... [o quê?]

Não queria tirar minhas espinhas, apenas as caspas. Não me incomodava com elas. As espinhas são algo muito pessoal para um adolescente, como a calvície é para o idoso... Acho que ela deveria ter perguntado, antes, se eu queria fazer o tratamento. A final de contas, não eram tantas assim... Resultado: fiquei aborrecido e não tratei, nem as caspas, nem as espinhas.

Aos 30, fui ao dermatologista cuidar das caspas. Fiz a queixa. Ele observou, foi com uma lupa na minha cabeça, recomendou um shampoo, e disse:
   - Compre esse remédio para combater a calvície... [o quê?]

Falou com a simplicidade de quem prescreve um medicamento para espinha, sem se dar conta do impacto que isto representa para um trintão (disfarçado de vinte) como eu. Um verdadeiro rito de passagem, para o qual eu não estava nem um pouco preparado. Lembrei-me dos meus quinze anos e das minhas espinhas...
...
Mas, desta vez, pensando bem... Acho que vou cuidar da calvície...

Minha reverência

Não posso passar esta data (dia do professor) sem dizer qualquer coisa.

Muitos de nós, durante a infância, passa mais tempo com o "tio" ou a "tia" da escola, do que com os próprios pais, ocupados legitimamente com o trabalho. Eu fui uma dessas crianças. A nossa educação é feita em casa e na escola, pelos pais e professores. Por isso a minha reverência!

Sou filho e neto de professores, e acho que isso fez nutrir naturalmente em mim uma grande admiração pelo ambiente escolar e acadêmico, reconhecendo desde cedo a importância deles na nossa formação. Provei também da euforia e libertação que o conhecimento pode trazer ao ser humano, quando passa a reconhecer-se como cidadão e entender um pouco mais do mundo a sua volta. E o professor é talvez o maior responsável neste processo.

Não sou autodidata. Não gosto de estudar sozinho. Gosto é do conhecimento compartilhado e discutido em sala de aula, para o enriquecimento de todos. Prefiro o professor ao livro. Prefiro o diálogo ao monólogo. Não admiro o mestre. Quero um professor mais amigo, simples, que se "rebaixa" ao nível de nós pobres alunos, para nos emprestar um pouco de seu conhecimento, experiência e maturidade, me fazendo feliz. O professor para mim é sagrado.

Não quero dá um de sindicalista, mas penso que esta classe seja a mais desvalorizada do Brasil. Não consigo compreender que um professor seja pior remunerado do que eu, que trabalho num cargo de nível médio, executando um serviço administrativo, altamente burocrático e repetitivo. Não consigo digerir essa informação...

Presto, através desta simples postagem, minha homenagem aos professores do mundo inteiro, desejando a eles o entusiasmo necessário para realizar seu ofício, tão nobre e desafiador; sonhando com o dia em que eu possa carinhosamente chamá-los de "meus colegas de profissão".

Ai que saudade me dá!

Sempre ouvi dizer que meu pai colecionou muitos amigos durante a sua vida. Vejo pessoas, que nem conheço, dizerem isso, fazendo o filho se sentir modestamente orgulhoso. Sou suspeito pra falar, mas realmente ele tinha uma conversa demasiadamente agradável. Um homem simples, que, por princípio e personalidade, não fazia distinção de pessoas. Em seu trabalho na área educacional, certamente fez amigos e deixou saudades...

Escrevo esta postagem, porque fui surpreendido, há poucos dias, pela publicação de uma foto do meu pai no jornal Correio da Paraíba, na página do colunista Anchieta Maia, acompanhada da descrição "Ai que saudade me dá". Me surpreende, depois de tantos anos afastado deste ambiente, e sem uma razão aparente, ele ser lembrado desta forma.

Deixo aqui o sincero agradecimento de toda a família ao colunista Anchieta Maia e sua equipe, pela pública homenagem, também com o coração cheio de saudades e boas lembranças... Ao meu pai, ofereço o que há de melhor em mim. E que Deus o tenha em bom lugar...


Comício em Beco Estreito

Em comemoração às eleições municipais, que estamos vivenciando, apresento o célebre e bem humorado poema do paraibano Jessier Quirino, que descreve com maestria o que acontece em muitas das cidades desta nossa pátria amada, Brasil:

COMÍCIO DE BECO ESTREITO
(Jessier Quirino)

Pra se fazer um comício
Em tempo de eleição
Não carece de arrodei
Nem dinheiro muito não
Basta um F-4000
Ou qualquer mei caminhão
Entalado em beco estreito
E um bandeirado má feito
Cruzando em dez posição.

Um locutor tabacudo
De converseiro comprido
Uns alto-falante rouco
Que espalhe o alarido
Microfone com flanela
Ou vermelha ou amarela
Conforme a cor do partido.

Uma gambiarra véa
Banguela no acender
Quatro faixa de bramante
Escrito qualquer dizer
Dois pistom e um taró
Pode até ficar melhor
Uma torcida pra torcer

Aí é subir pra riba
Meia dúzia de corruto
Quatro babão, cinco puta
Uns oito capanga bruto
E acunhar na promessa
E a pisadinha é essa:
Três promessa por minuto.

Anunciar a chegança
Do corruto ganhador
Pedir o “V” da vitória
Dos dedo dos eleitor
E mandar que os vira-lata
Do bojo da passeata
Traga o home no andor.

Protegendo o "monossílabo"
De dedada e beliscão
A cavalo na cacunda
Chega o dono da eleição
Faz boca de fechecler
E nesse qué-ré-qué-qué
Vez por outra um foguetão.

Com voz de vento encanado
Com os viva dos babão
É só dizer que é mentira
Sua fama de ladrão
Falar dos roubo dos home
Prometer o fim da fome
E tá ganha a eleição.

E terminada a campanha
Faturada a votação
F#da-se povo, pistom
F#da-se caminhão
Promessa, meta e programa…
É só mergulhar na Brahma
E curtir a posição.

Sendo um cabra despachudo
De politiquice quente
Batedorzão de carteira
Vigaristão competente
É só mandar pros otário
A foto num calendário
Bem família, bem decente:

Ele, um diabo sério, honrado
Ela, uma diaba influente
Bem vestido e bem posado
Até parecendo gente
Carregando a tiracolo
Sem pose, sem protocolo
Um diabozinho inocente.

Deus Salve o Supremo!

Depois de oito anos - um prazo que supera e muito os limites do aceitável - finalmente o escândalo do Mensalão está sendo apreciado a todo vapor, valorando-se os fatos e julgando-se as pessoas...

Muito se especulou sobre a independência do Judiciário no caso, uma vez que a grande maioria dos Ministros foram nomeados na era PT, por Lula e Dilma. Confesso que também fiquei na expectativa. Achei estranho, depois de tantos anos, colocarem o processo em pauta logo nas vésperas de uma eleição... Confiei desconfiando...

A esta altura do campeonato, já dá pra perceber que o Supremo Tribunal Federal está atuando com autoridade, independência e imparcialidade, como se deseja. Condenando vários e absolvendo alguns.

Tenho dito - e você deve concordar comigo - que este julgamento será "exemplar". Quero dizer que ele servirá de "exemplo" para a sociedade em geral, políticos e cidadãos comuns, autoridades e subordinados, nobres e plebeus. Ou se institucionalizará por completo a impunidade no Brasil, ou mostraremos a todos que cometer crimes, especialmente políticos, ainda pode ser perigoso... Mais do que judicial, a decisão é pedagógica.

Grande é a responsabilidade que está nas mãos dos nobres Ministros. Está em jogo a credibilidade do Poder Judiciário - que vem sendo questionada, sobretudo a partir das recentes denúncias do CNJ - e, por consequência, a legitimidade das instituições públicas de uma maneira geral. Está em jogo, em última análise, a própria democracia. O Brasil é a sexta economia do mundo, com níveis de corrupção equiparados a países africanos quase tribais...

A Corte Suprema escolheu o bom caminho. Aquele estreito, mas que leva à salvação! Ao que tudo indica, este histórico julgamento pode se tornar um divisor de águas na política brasileira. Resgatando o sentimento de justiça, tão desacreditado no nosso povo... Enchendo de esperança o coração da juventude, que ainda quer fazer melhor do que os nossos pais... Ensinando ao pobre estudante, autor desta postagem, o que é ser um jurista de verdade...

Deus salve o Supremo!

Viu a ligeireza?

Essa história não é piada. O caro José Humberto testemunhou quando trabalhava no banco. Tem vez que é melhor calar-se humildemente e suportar as consequências... Aprenda.

A funcionária dava seu expediente diário, sentada diante da mesa de trabalho, quando de repente escorrega da cadeira. Cai desconcertada com as costas pra baixo e as pernas pra cima, arreganhada (na posição "sapo-virado"). Vestia saia.

Encabulada, levanta-se rapidamente, na vã tentativa de livrar-se do constrangimento. Recompõe-se. Olha de lado desconfiada, analisando a reação dos vizinhos.

O pós-tragédia é delicado. Ela deveria sabiamente continuar o serviço, iludindo-se de que nada demais ocorrera. No entanto quis tirar a prova dos nove, de cuja conta já estava certa do resultado.

Assim, contrariando as recomendações e correndo grande risco, olhou pro colega da frente e disse:

   - Viu a ligeireza?

O sem-vergonha responde categoricamente:

   - Vi. Só não sabia que tinha esse nome...

Novagina

Alguns fatos curiosos da minha infância ficaram gravados na memória, como qualquer pessoa. Lembro do quarto da minha mãe, que mais parecia uma farmácia: era remédio por todo lado, em todo canto. Em cima dos móveis, armários, dentro de gavetas, sapatos, no chão... Muitos já vencidos, que se eternizavam e acumulavam, esquecidos ali... Eram aquelas amostras grátis, que os médicos recebem dos laboratórios.

Mas o principal local de armazenamento era a banheira, que funcionava como uma grande caixa de remédios, cheio caixinhas dentro, com os mais variados nomes e cores. E a borda, obviamente, servia de cabide para algumas ou muitas peças de roupas. É para o que melhor serve mesmo.

Com relação aos nomes dos produtos, eu brincava com eles. Quando estava desocupado, me divertia com os "palavrões" mais esdrúxulos e bizarros da minha vida, catando os medicamentos. Ainda aprendendo a ler, me desafiava, tentando, muitas vezes sem sucesso, soletrar aqueles textos difíceis. Um pouco mais crescido, gostava de memorizá-los e tentar supor, pela pronúncia, para que eles serviam...

Foi nesta fase de adivinhação e sabedoria, que eu descobri a utilidade da "Novalgina". Essa foi fácil, porque minha mãe era ginecologista e eu já entendia das coisas. Se tá velha, vai ficar nova! Me achava realmente esperto.

Anos depois,  a decepção. Soube por acaso, pelo meu irmão, que "Novalgina" não tem nada a ver com a "valgina". É apenas um remédio pra dor (e febre).

Que incoerência...

A poesia do poeta

Quero falar da morte de Ronaldo. Nunca imaginei que um dia o estivesse homenageando. A vida tem dessas surpresas... Se não o fizesse, contudo, seria fingimento, pois a minha subjetividade o reverencia de alguma forma.

Conversava nesses dias com os amigos sobre "rotularmos" uma pessoa por um ou uns atos de sua vida. Chegamos a conclusão que rotular é sempre alienante: se rotulamos bem, escondemos os erros; se rotulamos mal, escondemos as virtudes. Não é justo classificarmos desastroso um longo caminho, uma longa estrada, por uma curva mal feita em seu percurso. Ninguém é Deus e ninguém é o diabo. O alfa e o ômega se misturam em cada um de nós, compondo essa nossa existência contraditória, confusa, misteriosa, surpreendente, mas, sobretudo, apaixonante.

Nunca votei nele, nem em sua descendência, e acho bem provável que isso permaneça. No entanto, quero fazer minha sincera, madura e sóbria homenagem ao grande poeta, guardando para sempre em meus arquivos de postagens, sua célebre petição em verso, chamada:

HABEAS PINHO

Exmo. Sr.
Dr. Artur Moura,
Meritíssimo Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca,

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, Doutor, um violão!

Um violão, Doutor, que, na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste, entre os dois, afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida,
Que cantam as mágoas e que povoam a vida,
Sufocando, assim, suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém, seu destino o perpetua:
Ele nasceu para cantar, em plena rua,
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo, pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito!
É crime, porventura, o infeliz,
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado,
Derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza, já, do seu acolhimento.
É somente liberdade, o que pedimos
E, nestes temos, vem pedir deferimento!

Assinado:
Ronaldo Cunha Lima, advogado.

Comprando a Bênção...

Uma idosa pede dinheiro no semáforo... Na minha vez, eu digo: "Tem não, comadre...". Ela finaliza sorridente: "Deus te abençoe, menino!".

Impressionante foi que isso repercutiu como eu não esperava. A idade, a humildade e o sorriso verdadeiro fizeram me sentir realmente abençoado. Foi diferente. Foi bom.

No dia seguinte, assim que a avistei no sinal, lembrei da bênção. Queria de novo. Mas parei distante e ela não chegou até mim. Frustrado, senti-me mais carente do que ela... Então tive uma idéia: "amanhã eu levo dinheiro, para ter preferência, mesmo longe". E logrei êxito.

Esperei ansiosamente e, antes mesmo de parar, já fui estendendo o braço, assinalando a contribuição. "Deus te abençoe, menino!". E segui feliz...

Daí em diante, sempre que passava por lá, dava alguma coisa, nem que fosse dez centavos... E seguia feliz...

A macumba de Pachoca

Pachoca era uma mulher de vida fácil. Prestava serviço no baixo meretrício de Santa Rita na década de 50. Chegara por lá aos quatorze anos, expulsa pelo pai, quando descobriu que a menina não era mais "moça". No entanto, ela podia apostar que sua vida era bem difícil, e o demostrava com argumentos bastante convincentes. Não queira saber...

Pachoca fazia a alegria dos varões da região e, por isso mesmo, às vezes ocasionava algumas confusões. Acho que Pachoca aprendeu tudo muito cedo, pois, passados alguns anos, enfrentava os problemas com muita propriedade e uma expontaneidade surpreendente. Não tinha nada a perder.

Era segunda-feira, logo cedo, umas oito da manhã. No meio da rua, a esposa foi tomar satisfação com Pachoca. Se atracaram ali mesmo e, naquele puxa-cabelo, alguém interveio separando-as.

   - O que é isso, comadre? Vá pra casa! Não se troque com essa mulher... Vá para casa.

   - Ela tá fazendo macumba pra tirar o meu marido! Ela tá fazendo macumba!

Pachoca responde enfaticamente de imediato, com a autoridade de uma especialista no assunto. Levantando a saia com a esquerda e batendo na "bicha" com a outra, falou orgulhosa:

   - Olha aqui a minha macumba! Olha aqui a minha macumba!

Ao que dizem, a macumba de Pachoca deixou muitos homens "apaixocados"...

A solução é simples.

Desde o dia em que ouvi esta frase (há muito tempo) não a tirei da cabeça: “Para todo problema complexo existe uma solução clara, simples e errada”. Não sei quem me disse nem se tem autoria reconhecida. Achei que seria uma daquelas inúmeras frases que a gente ouve, admira e rapidamente esquece (aquelas do Facebook). Esta me impactou. Não consigo desmenti-la, nem ao menos contestá-la. Assino em baixo.

A imaturidade (ou a irresponsabilidade) costuma dar soluções claras e simples para tudo, como se todos os problemas pudessem ser resolvidos num passe de mágica, como as redações do vestibular: a educação resolve tudo. Por que não resolve a crise europeia, que conta com uma população das mais qualificadas neste aspecto? Já tem gente se suicidando por lá...

Quando se está inserido em um grande problema, buscando concretamente as soluções adequadas, vemos que “o buraco é mais embaixo”, que uma aparente solução gera outras dificuldades (às vezes, igualmente graves), montando-se um verdadeiro quebra-cabeças da vida real... Por isso resisto aos conselheiros e às soluções infalíveis, fáceis e miraculosas..., que geralmente não encontram respaldo nas situações concretas.

Inclusive, na nossa vida, a melhor solução quase sempre é aquela que resolve o problema maior, criando (inevitavelmente) outros problemas menores, que, diante dos fatos, tornam-se irrelevantes, suportáveis... São raros os casos em que extirpamos por completo um mal da nossa vida, sem nenhuma consequência indesejável, para nós mesmos ou para os outros.

Lembrei-me dos políticos. Não existe coisa mais mentirosa que um comício. Esse discurso mentiroso deslavado faz parte do jogo. Ninguém (ou quase ninguém) votaria em um candidato que tratasse os problemas com um realismo sóbrio, sincero e desestimulante. O momento mesmo é para aquelas mentiras esperançosas que a gente gosta de ouvir, que não passam de soluções claras, simples e erradas.

No mais, larguei a preguiça, pesquisei na internet e vi que esta frase é atribuída a um escritor irlandês chamado “George Bernard Shaw”.

“Para todo problema complexo, existe uma solução clara, simples e errada”.

Uma vez Flamengo...

Alerto aos flamenguistas que o conteúdo é forte, inapropriado para os cardíacos. Ainda dá tempo de desistir...

Certo dia conheci Leônidas, nome de craque, servidor púbico aposentado, apaixonado por futebol e, acredite se quiser, "ex-flamenguista".

Não sei como abordar o assunto, porque é delicado, mas este homem tornou-se vascaíno há mais ou menos cinco anos.

Você não acredita? Eu também não! E contestei:
   - Uma vez flamengo, flamengo até morrer, rapaz! Pelo amor de deus, porque você deixou o flamengo?

Ele tentou explicar:
   - Cara, eu vivia doente. Pressão alta, insônia, dor de cabeça, problemas de ereção... 

Hoje vivo melhor, durmo bem e "dou" três por semana, cara!
   - Sou um dissidente, num universo de um bilhão!

Eu retruquei:
   - Não, você é o único dissidente. Só tem você.

Vejo jogador profissional "virar a casaca" com frequência. Mas torcedor, do Flamengo, migrando para o arqui-rival, é inédito!

Quem diria: uma vez Flamengo... outra vez Vasco.

- E o salário, ó!


Uma das recordações que tenho da infância é a do meu pai se estourando de rir assistindo à Escolinha do Professor Raimundo. Eu era muito pequeno na época, não entendia os diálogos direito, nem achava muita graça. Ria mais do meu pai do que do programa...

Curiosamente, há pouco mais de um ano, estava na casa dele, deitado numa rede, de bobeira. Ligo a TV e encontro o Canal Viva, exibindo o programa Chico Total, lembra? Eu agora já era grandinho e fui conferir se esse cara é mesmo o cara... Eu ri a tarde toda! Foi quando tirei o chapéu para Chico Anísio... Um talento impressionante, que não encontro nos dias atuais... Criava e atuava em 209 personagens e mais um bocado de coisa... E ainda um homem bom, de um coração grandioso...

Pena que meu pai, dessa vez, não pôde curtir comigo. Já estava bem doente...

Salve Chico! Fica com Deus!

Nas Alagoas...

Assistindo ao programa CQC, da TV Bandeirantes, ontem, fiquei impressionado com o escândalo envolvendo a Assembléia Legislativa daquele estado. Foram desviados R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) da folha de pagamento dos funcionários (não dos parlamentares, é claro). Outros R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), para a construção de uma biblioteca e de uma escola legislativa, desapareceu! Simples assim. Muito bacana... Viram quantos zeros? Tem que contar com cuidado, se não, se perde...

Ainda bem que Alagoas não está precisando de investimento e recursos públicos: é apenas o estado do nordeste com o maior índice de violência, pobreza e analfabetismo... Fiquem tranquilos, a cada 5 alagoanos, 4 são analfabetos... (Quatro?) Sendo assim, justifica-se a roubalheira... Tá tranquilo...

Tão pensando que é o quê? Pelo amor de Deus! Isso não pode ficar assim! Cadê as leis, cadê a punição, cadê a democracia, cadê o direito?! Que Estado é esse, o nosso? Tá parecendo qualquer coisa! Rouba-se assim, descaradamente, e não se faz nada! Não podemos admitir isso! Não somos palhaços! Queremos construir alguma coisa de descente, civilizada, ou não é?!

Depois, o deputado diz, sorrindo e satisfeito, para o repórter, que "compra votos", que "prefere dar dinheiro do que dar cheiro em careca feridenta de bebê", como se fosse um coronel dos velhos tempos... E a gente, é um palhaço?! Em seguida, um outro deputado (irmão de Renan Calheiros, inclusive), quando perguntado sobre o dinheiro, se ele sabe onde está, se ele prefere que o povo permaneça na ignorância, o "nobre" deputado dá um soco na cara do repórter (a sorte foi que ele desviou). Não admite nem sequer a piada, depois...

Na minha Paraíba, o Fantástico filmou uma empresa contratada pela Administração da Capital, oferecendo dinheiro ao repórter, que se disfarçava de funcionário de outra Prefeitura, numa suposta licitação... Na tranquilidade, na experiência, na malandragem, na safadeza, na "sem vergonhice", na esculhambação, na corrupção, no crime... "No telefone, não fale recursos, diga documentos".

E a gente, é pra dizer o quê?!

Obs. assista à matéria do CQC, clicando aqui.

Porque ele vive

Hoje faz um ano da morte do meu pai. Parece menos. Dizem que as pessoas não morrem, mas permanecem vivas nas lembranças dos que ainda estão nesse mundo... Acredito mesmo nisso. Como dizer que pessoas como Sócrates, Gandhi, Francisco de Assis, Buda, o próprio Jesus, e tantos outros que você recorde, não estejam vivos? Estão vivos e muito vivos (mais do que eu e você)! Suas lições e ensinamentos continuam modificando (para melhor) a vida das pessoas mundo à fora. Neste sentido são eternos...

Para mim, meu pai continua vivo. O que recebi dele durante os anos de convivência, o que ouvi dele nas prazerosas e entusiasmantes conversas, seus discursos (gostava de discursar), suas reflexões, suas idéias (sua ideologia), seu imenso amor pela vida, sua esperança contagiante, sua fé amadurecida, são coisas das quais jamais esquecerei... Tudo isso continua vivo (e muito vivo) dentro de mim, o que inevitavelmente continuo a repassar, natural e subliminarmente para aqueles de minha convivência... Tenho certeza que muitas pessoas também carregam em si algo do meu pai.

Deixem eu contar uma história que me comove.

Na missa de 7º dia, uma pessoa querida avistou o meu pai de pé, vestindo uma roupa simples (como era de costume), em uma das entradas da igreja, sorrindo e observando as pessoas se confraternizarem. Quem viu é católico e não acredita nessas coisas. Contou-me dizendo que os olhos lhe "pregaram uma peça", mas que viu, viu. Se ele estava espiritualmente ali, naquele momento (coisa que eu acredito), nunca saberemos ao certo. Mas isso não é o mais importante. O importante é que ele vive!

Pra terminar, deixo uma poesia feita pelo meu pai:

desejos consciência

De coisas eternas, queria ser.
Bondade, infantil bondade, queria ter.

Da pura verdade, queria viver.
Sabedoria, humilde sabedoria, queria ter.

Dos desejos mil, tanto evitei possuir.
Simplicidade, tudo simplicidade, queria ser.

Das paixões humanas, humanas paixões eu vivi.
Quis amar, fiz sorrir, fiz sofrer.

Efêmero, consciente estou.
De alma eterna, viajante sou.

jdantasdiniz.jr
maio/2006

Eu tiro o chapéu para o Programa Bolsa Família

Veja as estatísticas (atuais e oficiais) a respeito do Brasil:
   - Somos o 6º país mais rico do mundo;
   - Somos o 84º no Índice de Desenvolvimento Humano;
   - Somos o 12º com maior desigualdade social do planeta.
Somos tudo isso ao mesmo tempo. Junto e misturado.

Morei em Sousa por dois anos (interior da Paraíba) e lá não é diferente de onde você vive, em qualquer lugar do nosso país. Lá tem restaurantes de alto nível, carros importados circulando na cidade e casarões luxuosos aglomerados em áreas específicas. Mas minha esposa, a trabalho, visitou bairros inteiros atolados na lama, esgoto e tudo o que não presta. Onde drogas, prostituição e abuso sexual (infantil inclusive) são quase culturais. Uma vida que não existe... ou não deveria ter existido...
   - Quer se matar comadre? Não faça isso (muito embora não tire sua razão).

Muitos advogam a tese da “esmola”. Que o governo deveria ensinar a pescar e não dar o peixe, dar emprego e não dinheiro, que estamos formando preguiçosos, que é um programa assistencialista e eleitoreiro, etc.

Para receber o maior valor deste Programa, que é de R$ 306,00 (trezentos e seis reais), a família precisa ter apenas 7 filhos (eu disse sete) e menos de um salário mínimo para sustentar a todos, o mês inteiro. O menor valor é de R$ 32,00 (trinta e dois reais), aquilo que a gente gasta quando vai ao restaurante, fastioso.

Mas, pra receber a "esmola", não precisa somente passar fome. Tem que estar em dia com muita coisa: pré-natal; acompanhamento do bebê lactante; vacinação dos filhos; frequência escolar mensal de 85% para as crianças, e de 75% para os jovens. Tudo isso tem que estar em dia. Se um filho menor trabalha, tem que deixar o trabalho e, além de estudar, deve participar de serviços socioeducativos (como o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil ou o ProJovem), e com frequência de 85%.
Existem também projetos sociais de geração de renda, destinados especialmente (não exclusivamente) para o pessoal do Bolsa Família. São cursos de culinária, pedreiro, eletricista, marceneiro, camareira, pet shop, etc., colocados à disposição da comunidade.

Penso que talvez estejamos dando o peixe ao pai, mas ensinando os filhos a pescar! Talvez as próximas gerações tenham condições de quebrar esse ciclo vicioso de miséria... Porque tomaram vacina, porque comeram, porque estudaram...

Se tem vereador recebendo o dinheiro, tá errado! Se tem mulher "embuchando" pra receber o dinheiro (pobre coitada), tá errado! Se tem corrupção e desvio da verba (e tem mesmo), tá errado! É um absurdo e tem que punir! Mas não vou repudiar o programa porque isso acontece. Se for assim, vamos bombardear o Congresso Nacional... o que nem eu quero nem você deseja (espero).

Isso não é comunismo ou ditadura, do contrário, é democracia e respeito às leis. A Constituição diz, logo no começo (artigo 3º), que o Brasil tem por meta “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

Por isso eu tiro o chapéu para o Programa Bolsa Família.

Cadê?

Cadê a bola nas ruas...
Cadê o pião... a pipa... a topada... cadê a zoada...
Cadê a casa da vovó... Cadê a casa? Cadê a vovó?
Cadê os vizinhos... a vizinhança...
Cadê a liberdade... a tranquilidade...
Cadê a segurança?

Cadê as cartas... aqueles encontros... aquelas pessoas...
Cadê as pessoas?
Cadê a saudade... cadê a cidade... cadê o lugar...
Cadê a simplicidade... a sinceridade...
Cadê o amar?

Cadê a soneca... o sono profundo...
O dia comprido... Cadê o dia?
Cadê a padaria?
(a soda era ruim...)
(o bate-entope era bom...)
Por falar nisso... cadê o bombom?

Cadê o bandido... ladrão de galinha... cadê a galinha?
Cadê a cadela... a tigela... cadê a pitomba...
Cadê o “ponche”... o refresco...
Cadê a frescurinha... que entra na sala e sai na cozinha?

Cadê a menina... cadê a donzela...
Cadê a piada... cadê a calçada...
Cadê a igreja... o remorso... a Ave Maria...
Cadê Maria?

Cadê o passado... que não se vê mais...
Cadê o fiado... cadê o rapaz...
Cadê a palavra... cadê os valores...
Cadê os doutores... cadê os valores?

Cadê os valores?
Cadê os valores?

Que bicho é o seu?

Me chamavam de "Leopardo" e de "Leão", por causa da semelhança com o meu nome... Eu até que gostava. São animais bonitos, com destaque na selva... Para um garoto, entendia como um elogio. Mas com o passar do tempo, já um "velho barbado", vejo que não guardo qualquer identificação com estes felinos. E qual é então o meu bicho?

Sem dúvida, o meu bicho é a "Tartaruga". E com muito orgulho!

Primeiramente porque venero a sua paciência. Ela é o retrato da paciência, a paciência em "pessoa". E eu sei o quanto isso é importante na vida, porque me faz falta às vezes... Têm coisas (muitas coisas) que a gente não controla, não tem poder (especialmente sobre as pessoas), e, nestes casos, precisamos ter paciência... Por isso ela me inspira profundamente. Fico "zen" admirando uma tartaruga, como poucas coisas na natureza...

Outra coisa que me fascina é a proteção do seu casco. Diante do perigo, ela se encolhe e fica ali, escondida, protegida, segura e tranquila... pelo tempo que for necessário. Quem não gostaria de ter um esconderijo desses, para de vez em quando se refugiar e ficar protegido dos tormentos, perturbações e problemas, só por um momento? Ah, eu com um casco desses...

Ela também vive muito. Se você pegar uma tartaruga pra criar, ela vai enterrar toda a família, incluindo os netos... É mole ou quer mais?

Ela também é devagar. A vida tem seu próprio ritmo. Às vezes o ritmo é lento e não há muito o que fazer... Inclusive, tem certas coisas importantes na vida que é melhor que se faça devagar mesmo, para não correr o risco de errar e ter que refazer tudo de novo... não é mesmo? Ouvi uma frase que fala um pouco sobre isso, a qual me impactou de imediato:
"Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade"
(Edson Marques).

Acho que não é à toa que uma das músicas que eu mais gosto é aquela:
"Ando devagar, porque já tive pressa
E levo esse sorriso, porque já chorei demais"
(Renato Teixeira & Almir Sater).

Ideológico, sim. Idealista, não!

Depois de levar alguns “tombos” na vida, aprendi que nada é perfeito. Nem eu, nem ninguém, nem nada. Essa mania por perfeição, que alguns têm, se resume a frustração, decepção, intransigência, chateação, etc. A vida tem suas “mortes”, até a flor tem seus espinhos, e não esqueça: “há uma pedra no meio do caminho”...

Assim, depois de tanto “bater com a cabeça na parede” e “dar murro em ponta de faca”, larguei mão do idealismo e assumi o realismo. Foi uma mudança de paradigma. Foi a melhor coisa que fiz. Me sinto humano, forte e fraco, bom e ruim, dentro da minha realidade, no limite das minhas possibilidades. Deixei de querer ser perfeito e passei a querer ser apenas eu mesmo. Deixei de me inspirar nos santos e passei a me espelhar nas pessoas, gente como a gente... Costumo dizer que aprendo com todos: quem acerta, posso imitar; quando erram, tenho um belo exemplo de como não proceder. Aprendo da mesma forma...

Apesar de tudo, preciso ter referências sólidas, valores e princípios, que me sirvam de norte, para me guiar na vida. Por isso sou ideológico. Tenho uma direção. Os caminhos podem não ser os melhores, os ideais, mas sei aonde quero chegar; mais do que isso, sei aonde não quero chegar. Princípios são aquelas coisas com as quais você se apega quando está “cego”, “perdido”, quando tem que decidir mesmo antes de “a poeira baixar”, ainda no meio da confusão... Sem entender nada, você vai pelo princípio e, lá na frente, quando as coisas normalizam e voltam a ficar claras, você olha pra traz e vê que acertou, que o princípio lhe salvou. Para mim, isto é ser ideológico.

Passei a me satisfazer, não com o melhor, mas com o melhor possível, entende?

Ideológico, sim. Idealista, não!