Culto do novo

Já chega de velharias!
De maltratar corações
De histórias tristes de guerras
Conflitos, revoluções!
Viva o belo e o novo!
Viva o bom, o positivo!
E por mais que eu me engane.
Sim, por mais que eu me engane
Que se dane o negativo!!!!!

(Um texto do meu querido tio Martinho Medeiros).

Genealogia do Sistema Eleitoral

Grande evento de São João da minha sobrinha. Aquela comida gostosa, músicas festivas, dancinha das crianças, só alegria... E o mestre de cerimônia atualizando sobre a apuração para rei e rainha do milho: "A eleição não acabou! Ainda dá tempo de comprar votos, tudo pode acontecer... Os votos estão à venda no salão ao lado!".

Pedi esclarecimentos, porque havia entendido errado, é claro. Sou meio moco.

Vovó me explicou que é assim mesmo: quem pagar mais elege o filho (moleques de 1 ano e oito meses). O Código Eleitoral chama isso de "abuso do poder econômico", no artigo 237. Eu pensava que a escolha era democrática, por critérios de afinidade, figurino, carisma ou beleza estética. Que graça tem isso? A eleição é do rei do milho ou do pai mais endinheirado? Essa disputa coroa quem, na verdade? É o "rei mal coroado", parafraseando Geraldo Azevedo.

Vovó disse que sempre foi assim, eu que não sabia. Quando era moça, no sítio, a filha do usineiro ganhava todas as vezes. Podia esperar. Depois retificou: "na verdade, era a filha da amante dele". Não tenho nada haver com isso, mas entendi como um prêmio de consolação...

O fato é que desde muito cedo, aprendemos direitinho como as coisas funcionam. Belo ensinamento: de rei do milho à presidente de sala, do DCE; de vereador à deputado, sonhando em "barganhar" a presidência da república...