Mahatma Gandhi

Cresci vendo meu pai admirar algumas personalidades, que eram estampadas em quadros pela casa ou retratados em diversos livros, espalhados pelas estantes do quarto de estudo. Entre eles figuram: Charles Chaplin, Albert Einstein, Che Guevara... Mas acho que nenhum outro foi tão venerado por ele como o “hindu seminu”, Mahatma Gandhi.

Já tinha visto o filme “Gandhi”, quando era muito pequeno e não entendia direito das coisas; mas recentemente tive a oportunidade de assisti-lo de verdade. Dá vontade de contar o filme, mas não vou gastar minhas linhas com isso. Quero relatar apenas um único momento deste, que considero o ápice do enredo. Revela um ensinamento revolucionário de um verdadeiro mestre, o qual me emociona sempre que a cena me vem à memória.

Tendemos a hostilizar o diferente; não queremos nem aproximação. Talvez isso seja uma defesa, que não deva ser alimentada. Devo dizer que é justamente no diferente que pode estar a nossa salvação. Como saber se estamos errados, convivendo apenas com iguais? A aproximação e o diálogo com outros "mundos" e outras "cabeças" podem nos ensinar coisas valiosas. Precisamos ter a coragem de dar uma chance para o novo, para o estranho...

Mas vamos à cena, ou melhor, à história. Depois de os indianos se libertarem da dominação e exploração inglesa, seguindo, até as últimas consequências, os ideais da desobediência pacífica; a religião dividiu aquele povo, deflagrando uma guerra civil entre indianos hindus e indianos muçulmanos. Mahatma Gandhi, profundamente entristecido com a situação, declarou greve de fome até que a paz fosse restabelecida - disposto a morrer pela causa, inclusive.

Passado um tempo, o velho Gandhi, já definhando de fome, recebe a visita de um varão hindu, que chega desesperado:

   - Eu vou para o inferno. Matei uma criança, esmaguei a cabeça dela na parede.
   - Porque? Perguntou Gandhi.
   - Porque mataram meu filho, meu menino. Os muçulmanos mataram meu filho.

Dispara o mestre:
   - Conheço um jeito de escapar do inferno. Encontre uma criança, uma criança cujos pais tenham sido mortos, um menino mais ou menos da mesma idade, e crie-o como se fosse seu. Só esteja certo de que ele seja muçulmano e eduque-o como muçulmano.


O homem cai aos prantos... Acho que ele viu mesmo a salvação.

Como dizia meu pai, com um olhar filosófico: “Mahatma Gandhi...”. E não dizia mais nada.

6 comentários:

  1. OI LEO! GANDHI É REALMENTE UMA ALMA QUE SIMBOLIZA PAZ, PACIÊNCIA, TOLERÃNCIA E AMOR E NOS DEIXA GRANDES LIÇÕES.
    "Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo."
    (Gandhi)

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  2. Léo GHANDI realmente é uma daquelas criaturas que trazem luz ao mundo . Com Êle Satyagraha significava a "força da verdade", infelizmente no Brasil sequer a palavra consguiu continuar com o significado literal, ao ser utlizada pela Polícia Federal transformou-se vexame para quem buscava respostas e atribuição de culpas. É desse grande homem a máxima: "Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia." Lourdinha

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  3. "Tendemos a hostilizar o diferente; não queremos nem aproximação. Talvez isso seja uma defesa, que não deva ser alimentada". O exercício diário e um investimento constante de nossas energias nesse propósito de não alimentar o comodismo de apenas criticar o diferente, é um caminho árduo, e muito necessário à nossa paz interior!
    Gandhi não só entendeu como ensinou que o diferente pode ser mesmo a nossa salvação.
    Ótima reflexão, parabéns. Bjs.

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  4. No ápice egoísta de minha dor, tive uma grande lição lendo o Livro Tibetano dos Mortos, onde ele narra:
    DEVEMOS AMAR O NOSSO PRÓXIMO, NÃO SÓ OS QUE ESTÃO PROXIMOS, MAS DE QUEM NOS APROXIMAMOS.
    Te amo Léo
    Beijos
    Tia Lúcia

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  5. Não conheço o livro mas gostaria de ler. A frase é perfeita e carregada de sabedoria, como sempre! Bjs, tia.

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  6. É verdade Léo. Em Dantas, aprendi o olhar social. Nele existia teoria e PRÁTICA. Fazer compreender, a ser mais tolerante e solidário, era o seu projeto. Uma escola de vida! E, finalizando, "foi um Anjo que entrou em nossas vidas!" - (Igor D´Lembert,2011) rss.
    Beijo grande.

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