Viu a ligeireza?

Essa história não é piada. O caro José Humberto testemunhou quando trabalhava no banco. Tem vez que é melhor calar-se humildemente e suportar as consequências... Aprenda.

A funcionária dava seu expediente diário, sentada diante da mesa de trabalho, quando de repente escorrega da cadeira. Cai desconcertada com as costas pra baixo e as pernas pra cima, arreganhada (na posição "sapo-virado"). Vestia saia.

Encabulada, levanta-se rapidamente, na vã tentativa de livrar-se do constrangimento. Recompõe-se. Olha de lado desconfiada, analisando a reação dos vizinhos.

O pós-tragédia é delicado. Ela deveria sabiamente continuar o serviço, iludindo-se de que nada demais ocorrera. No entanto quis tirar a prova dos nove, de cuja conta já estava certa do resultado.

Assim, contrariando as recomendações e correndo grande risco, olhou pro colega da frente e disse:

   - Viu a ligeireza?

O sem-vergonha responde categoricamente:

   - Vi. Só não sabia que tinha esse nome...

Novagina

Alguns fatos curiosos da minha infância ficaram gravados na memória, como qualquer pessoa. Lembro do quarto da minha mãe, que mais parecia uma farmácia: era remédio por todo lado, em todo canto. Em cima dos móveis, armários, dentro de gavetas, sapatos, no chão... Muitos já vencidos, que se eternizavam e acumulavam, esquecidos ali... Eram aquelas amostras grátis, que os médicos recebem dos laboratórios.

Mas o principal local de armazenamento era a banheira, que funcionava como uma grande caixa de remédios, cheio caixinhas dentro, com os mais variados nomes e cores. E a borda, obviamente, servia de cabide para algumas ou muitas peças de roupas. É para o que melhor serve mesmo.

Com relação aos nomes dos produtos, eu brincava com eles. Quando estava desocupado, me divertia com os "palavrões" mais esdrúxulos e bizarros da minha vida, catando os medicamentos. Ainda aprendendo a ler, me desafiava, tentando, muitas vezes sem sucesso, soletrar aqueles textos difíceis. Um pouco mais crescido, gostava de memorizá-los e tentar supor, pela pronúncia, para que eles serviam...

Foi nesta fase de adivinhação e sabedoria, que eu descobri a utilidade da "Novalgina". Essa foi fácil, porque minha mãe era ginecologista e eu já entendia das coisas. Se tá velha, vai ficar nova! Me achava realmente esperto.

Anos depois,  a decepção. Soube por acaso, pelo meu irmão, que "Novalgina" não tem nada a ver com a "valgina". É apenas um remédio pra dor (e febre).

Que incoerência...