O professor

Quero aproveitar este dia simbólico que passou para dizer o que penso sobre o professor, a quem aprendi a simpatizar, admirar, venerar e até invejar. Hoje estabeleço uma relação meio sagrada com ele, exagerada mesmo, anormal. Revelarei o que acho deles, sem medo de errar - o que não me causaria qualquer constrangimento, desde quando me tornei um sem vergonha...

Entendo a educação como meio, e não um fim em si mesma. Ela está sempre direcionada para alguma coisa: desenvolvimento de habilidades e cognição, formação humana, qualificação profissional, etc. Está sempre a serviço, contribuindo para um determinado objetivo. É meio, mas não significa que seja pouco importante, uma vez que é meio indispensável, daí sua relevância. Vejo o docente assim.

O professor é um serviçal, que se coloca como instrumento na vida das pessoas, a quem chamam aluno. Trabalha para o crescimento dos outros, o desenvolvimento alheio, a conquista e realização dos sonhos de terceiros... Se volta inteiramente para fora, exercitando aquilo que se opõe ao egoísmo... Não realiza muita coisa sozinho, por ser acessório. O principal são os educandos, que constroem a sua história, desenvolvem suas potencialidades e decidem o seu caminho...

Talvez o professor seja como um bote que atravessa um rio ou um lago, levando pessoas de um lugar para outro. De um mundo conhecido, seguro e monótono, para outro novo, dinâmico e atraente, por ser misterioso... Nesta aventura, quem escolhe o percurso até o seu destino é o remador e não o bote. Para isso, devemos enfrentar com coragem e confiança a força oposta das águas e a fatigante distância do trajeto. Assim é o professor essa base (sem a qual nos afogamos), esse indispensável sustento, que nos dá o suporte necessário, mas que não pode (e nem consegue) assumir nosso papel principal de fazer nossas escolhas e trilhar nosso próprio caminho. No final, o mérito será sempre nosso, valentes marinheiros!

Fazendo outra analogia barata, o professor seria como um treinador de futebol, que não chuta, nem faz gol, que não defende nem ataca, apenas administra talentos. Que, para ser campeão, deve criar um espírito positivo de interação, cooperação e solidariedade, a fim de que se consiga extrair o melhor de cada um e o conjunto possa render o máximo possível. E as estrelas serão sempre nós jogadores!

É neste papel secundário, porém indispensável, que exergo o docente. Penso que o sucesso do ensino e aprendizagem será melhor quando ele se der conta de que é menos do que parece ser, e os estudantes, mais do que pensam que são... Em palavras fáceis e duras: o professor precisa baixar a bola, para elevar a bola dos alunos. Assim será um educador de verdade, assim será grande, imenso...

O professor não dever se apresentar para dar show e impressionar os que o ouvem, porque ele não é artista, a sala não é teatro, os alunos não são platéia e a aula não é espetáculo. O paradigma é inverso: o professor deve atuar para proporcionar o show dos alunos, desenvolvendo seus talentos, estimulando suas potencialidades, deixando brilhar suas estrelas...

Quando assisto à aula de um bestseller, saio admirado com a metragem da sua inteligência e, ao mesmo tempo, convicto do tamanho da minha burrice, agravando meu problema de baixa auto estima. Mas quando participo de um encontro, onde construímos conceitos, debatemos idéias, interagimos conteúdos, errando e acertando com a mesma naturalidade, saio entusiasmado, motivado, feliz...

Neste palco, o esforço do educador deve se direcionar para o Oscar de melhor ator coadjuvante (o que seria magnífico e digno de toda honra); porque o protagonismo, o destaque e a estrela maior, deixemos para os educandos (bom que fosse assim).

O professor é essa profissão de meio e sementes, cujo fim e frutos serão gloriosamente experimentados por aqueles que se enriqueceram do seu trabalho, carregando coisas boas e úteis para a felicidade na vida, a realização pessoal e o sucesso profissional. Se a educação é o caminho, o professor é a passagem, a parada obrigatória e fundamental na construção de um futuro melhor, e que seja para eu e tu, nós, vós e eles...

Aos professores do mundo inteiro, de todas as épocas e todos os estilos, meu louvor e minha reverência!

Um comentário:

  1. Parabéns Léo. Muito bom seu texto sobre o professor. Penso exatamente assim sobre o educador.

    ResponderExcluir