Artista por um dia...

Saindo de um lava-jato na hora do almoço, passo por um self-service com música ao vivo, tocando "bicho de sete cabeças" instrumental. Apaixonado que sou pela melodia, decidi parar e prestigiar o arranjo de perto. Canta uma, canta duas... Percebendo minha atenção, o músico pergunta se eu toco e me convida para dividir os trabalhos...

Eu juro que impus resistência. Eu juro. Mas, de um tempo pra cá, venho me tornando um "sem vergonha", no mais literal e inocente sentido da expressão. Isso porque, tenho avaliado, em cada situação, se devo ou não permitir que a timidez, o medo ou a vergonha determinem meu comportamento. Mesmo consciente de que se tratara de uma proposta no mínimo incomum, topei o desafio.

Expliquei ao cara que só canto no banheiro e toco razoavelmente (por sorte não disse "só toco no banheiro", já que induziria a um constrangedor e inoportuno duplo sentido, que em nada ajudaria naquele momento). Em resumo, cantei três músicas e na terceira ele ainda me entregou o violão... Foi uma experiência nova, apesar de já ter cantado na igreja, há vários anos.

Ninguém prestou atenção no paraíba, só no feijão carioca e sua banda, que exerciam poderosa sedução ao meio dia. Parecia não haver qualquer ruído, o que só serviu para me deixar ainda mais desinibido. Ouvia com nitidez minha desafinação a toda altura na caixa de som, como também os acordes mal posicionados nas cordas... Mas sabe de uma coisa? Quiz agradar mais a mim mesmo do que às pessoas... Como não sou profissional, posso me dar esse luxo. O prazer maior não estava em fazer bonito, mas simplesmente em fazer. Poder me expressar livre e publicamente, com a leveza da canção...

Deixo um recado: se algo prazeroso não vai causar mal a ninguém (nem a você mesmo) porque não fazê-lo? Posso dizer que não me arrependi.

Um comentário:

  1. Você é um artista mesmo kkkkkkkkkkkkkkkk... Ainda bem que eu não estava junto kkkkkkkkkkk...

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