Mãe é... mãe.

Tenho problemas, e é com datas comemorativas, especialmente o meu aniversário. Não explicarei as razões remotas do transtorno, porque isso não é nada agradável (vamos combinar), nem você vai chorar minhas lamentações, tenho certeza. Essa brincadeira não é de saúde mental. É sobre mãe. A minha e talvez a sua.

Coleciono alguns constrangimentos por causa do amor de mãe. Que parece olhar pro filho, se concentrar nele, e esquecer do resto do planeta Terra. Quatro episódios aparecem imediatamente na memória e, não sei por quê, contarei a você, que me oferece, generosamente, o seu ouvido-amigo.

Sexta série (hoje, sétimo ano do ensino fundamental). Plena adolescência... Vaidade e timidez... O que menos se quer é passar vergonha e pagar mico. A aula é da professora de português, que enxergo perfeitamente se fechar os olhos. De repente, sem consulta, entra minha mãe, sorrindo, com a torta nos braços e a coordenadora ao lado, puxando o coro: "pa-ra-béns-pra-vo-cê..."! Lembro dos risos e daí em diante não lembro de mais nada... Acho que durou umas três horas e meia... A música, é claro.

Vestibular, primeira fila. Estou de cabeça baixa, talvez rezando, porque vai começar. De repente, sem autorização, entra meu irmão - a mando da minha mãe -, sorrindo, e diretamente me entrega pouco mais de meio quilo de jujuba, de todas as cores, em um saco bastante transparente (transparente como nunca vi). Lembro das gargalhadas e daí em diante não lembro de mais nada... Deixei elas eternamente mofando no chão... Até hoje...

2008, vinte e seis anos. "Pode chamar seus amigos, meu filho". Na hora H, minha mãe aparece, sorrindo, e, da cartola, retira uma coleção de chapeuzinhos de aniversário, com liga e tudo... Lembro da surpresa e daí em diante não lembro de mais nada... A liga doía...

Hoje. Meu aniversário. Um marmanjo trintenário, casado e trabalhando, graças a Jesus. De repente, sem protocolo, entra minha mãe na repartição, sorrindo, com duas caixas de presentes debaixo dos braços e uma sacola pendurada na mão - na outra a chave do carro... Lembro das brincadeiras e daí em diante não lembro de mais nada... Apertava os pacotes com o sovaco e tive medo da camisa cair...

...
Acho que vou tratar com a minha mãe. Mas desta vez será de homem-pra-homem...

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