Para morrer de rir!

Às vezes, quando eu estou com saudade daquela gargalhada, procuro alguma coisa para me alegrar um pouco, nem que seja uma pegadinha da TV... Foi o que fiz recentemente. Perdi a compostura e fiquei com dor no abdome... Preciso compartilhar dois, que bombaram recentemente nas mídias sociais, para te alegrar um pouco também, caso você precise:


Um peixe fora d'água...

Fiquei realmente "intrigado" com o vídeo que vi há pouco. Vou explicar e quero que você dê a sua opinião aqui no blog para eu ler. Peço inclusive aos juristas que eventualmente tenham acesso a esta postagem para apresentarem uma posição mais técnica, se for o caso. Confesso que estou confuso!

Encerrado o julgamento do mensalão no dia de hoje, o recém presidente Joaquim Barbosa tomou a palavra para agradecer a alguns assessores que o ajudaram ao longo destes sete anos, e coisa e tal. O ministro Marco Aurélio ficou indignado com a atitude, disse que este tipo de manifestação nunca existiu na história do Tribunal, que ele deveria fazê-lo pessoalmente a cada um, que isto não deveria constar em ata, etc. Um pouco depois, o ministro Fux também pediu que isso não constasse em ata. O que o Barbosa fez, você deve imaginar: continuou seu agradecimento.

Ele questionou algumas coisas: onde está proibido isso? A resposta é que está implícito e que é a "liturgia" da casa. Ele também disse que já viu ministros fazerem exaltações a homens públicos e não-públicos, e que não via problema em agradecer aos servidores que colaboraram de maneira tão importante nos bastidores dos trabalhos... Veja você mesmo:



Que liturgia é essa? É missa? A toga é uma batina? O ministro é um sacerdote à moda antiga, blindado por formalidades e segredinhos? Todos sabemos que, por traz dos ministros, há um volumoso trabalho de muitos e competentíssimos assessores, que elaboram teses, fundamentam argumentações, etc. E qual o problema? Que heresia é essa, divulgar (eventualmente) o nome de algum assessor? O coroinha também ajuda, ora?

Acho que o Barbosa às vezes falta com a diplomacia, passa da conta... Mas o vejo sobretudo como alguém mais preocupado em fazer justiça nas suas decisões, além das formalidades... Sinto que ele paga o preço de não dominar muito bem as "liturgias" do negócio. Às vezes o sinto como "um peixe fora d'água"... Me lembro quando, no casamento da família real, a Kate fazia coisas normais, mas que eram consideradas "garfes" pelos comentaristas... Sai pra lá! Quem aguenta uma missa de costas e em latim? Será Barbosa o Lutero que precisamos? Ou sou eu que não estou entendendo nada? Me ajuda aí!

Entre a razão e a emoção

Tenho pensado ultimamente sobre a arte. Acho que não fui uma pessoa ligada à arte durante a minha infância. Nem música, nem dança, nem teatro, nem literatura... O meu contato era mais com a razão, com a ciência. Na estante da minha casa eram livros de físicos, matemáticos e personalidades (da parte do meu pai); e compêndios de medicina e ginecologia (da parte da minha mãe), com algumas exceções.

Fui estimulado a me interessar pelas matérias da escola: matemática, física, química, biologia, pelas notas e o boletim. E não pelos livros paradidáticos de Machado de Assis, José de Alencar e Jorge Amado; ou pelas poesias de Cecília Meireles, Drummond e Augusto dos Anjos. Não li nenhum. Gostava mesmo era da equação, da mecânica e da tabela periódica. Fui criado assim, apreciando as disciplinas tradicionais do currículo escolar, admirador da racionalidade fria e calculista, com resultado preciso e inquestionável.

Descobri uma face adormecida dentro de mim quando entrei na igreja. Achava bonito ser ateu, como o meu pai. Religião não se explica, nem Deus e nem a fé, e por isso não lhe dava importância. Mas a emoção me passou a perna. E caí de bunda pra baixo, completamente fascinado por uma experiência concreta, que não se descreve, mas se sente. A emoção me atestou Deus e me introduziu, pela primeira vez, na religião.

Daí em diante, me abri para um novo mundo, uma realidade cuja compreensão é relativa, imprecisa, misteriosa. O espírito humano, o sofrimento humano, as relações humanas, a psique, o sentido da vida e do homem, o místico, o transcendental.

Vivo hoje entre a razão e a emoção. Quero ser, no futuro, um professor, um pesquisador. Mas também quero levar emoção às aulas, poesia à ciência, paixão, entusiasmo, e uma piada indecorosa de vez em quando... A vida é tudo isso.

Um grande amigo da adolescência, Silvio Sá, a quem admirava (e admiro) pela sua inteligência, contava que as pessoas diziam a ele: "veja uma flor desabrochando e perceba que Deus existe". E ele me revelava: "vejo uma flor desabrochando e percebo que mitoses existem". Confesso que também não conseguia enxergar nada a mais do que a magnífica beleza das mitoses. Ele me convencia.

Não há quem o desminta. Mas, hoje, somente hoje, vejo uma flor e consigo, a partir dela, aflorar emoções adormecidas, sentimentos recalcados, lembranças esquecidas. E posso assegurar (como 2 e 2 são 4) que a beleza de uma flor transcende à magnífica beleza das mitoses.

Caçador de mim

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Composição: Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão
Principal intérprete: Milton Nascimento

O que você quer ser quando crescer? Entre o sonho e a realidade.

Chico Anísio, um gênio que dispensa apresentações, disse numa entrevista que era a pessoa mais feliz do mundo, porque quando chegava no estúdio já havia uma pessoa para entregar-lhe o figurino, outra para maquiá-lo, outra para arrumá-lo, outra para organizar o cenário e a gravação. Tudo para ele “se divertir” umas 10 horas por dia, por décadas. “E ainda me pagavam por isso”, dizia ele, sorrindo. Fiquei fascinado com o que ouvi. Uma pessoa que era tão apaixonada pelo que fazia, a ponto de a extensa jornada de trabalho à qual se submetia, representar para ele uma grande diversão, realizada com a maestria que nós conhecemos.

É... Tem gente que trabalha com esse gosto, como o nosso outro gênio Oscar Niemeyer, falecido recentemente aos 104 anos, trabalhando sempre, com um prazer e criatividade diferenciados. Encontro no meu trabalho pessoas assim. Cuja dedicação é intensa e ao mesmo tempo natural, porque tudo lhe causa grande satisfação. Mas devo dizer que são poucas. A maioria é a massa que, como eu, oferece seu corpo em troca de dinheiro, quero dizer, trabalha dignamente, recebendo ao final do mês um justo salário.

“O que você quer ser quando crescer?”. Isso já ficou pra trás. Era infantil, uma brincadeira, é diversão, laser ou hobby. Agora, na realidade, temos que perseguir incansavelmente aquela atividade que nos dê em troca, um dinheiro maior. Que possa ultrapassar o padrão do nosso conforto e nos ascender socialmente à classe luxo. "Lá sou amigo do rei"...

Aqui e ali encontro pessoas que me assustam e confundem. Pessoas diferentes, que têm a coragem de perseguir o risco de um sonho profissional, cujo valor é mais pessoal do que qualquer outra coisa. Aquelas que gostam mesmo do que fazem. Que acordam cansadas, mas encontram um entusiasmo genuíno pelo que desenvolvem diariamente no seu trabalho, e que por isso revestem-se de uma áurea diferente...

Tenho refletido há um tempo, que quero encontrar satisfação, não na chegada do caminho, mas no próprio percurso que leva aos meus objetivos. Não tenho conseguido esperar para ser feliz só quando chegar lá. Do contrário, quero encontrar alegria e entusiasmo na própria estrada da minha vida, independentemente do quanto progredi. Afinal de contas, quem garante que eu chegarei lá? Ou pior: quem garante que lá serei feliz?

Eu?

"Eu fico com a pureza da resposta das crianças:
É a vida. É bonita e é bonita”.