Bullying

Bullying está na moda. Sendo assim, quero aproveitar o momento para relatar algumas situações das quais fui vítima e outras que presenciei com alguns amigos e colegas. É uma forma de protesto, que sirva para a reflexão de todos.

Sempre fui um aluno relativamente comportado, comunicativo e, até certo ponto, agradável, o que me fez ser sempre bem aceito por alunos e professores. Amigos não me faltavam. Foi somente no ensino médio que eu passei por alguns constrangimentos e humilhações, intensos ao ponto de hoje caracterizá-los como bullying.

As coisas começaram quando me distanciei consideravelmente do meu duradouro e coeso grupo de amigos, até então juntos há mais de cinco anos, convivendo diariamente. Distanciei-me porque conheci outras realidades, outras pessoas (minha esposa inclusive), em fim, outros "mundos", diferentes daquele ao qual estávamos acostumados e seguros. Passei assim a me dedicar também a outras coisas e outras pessoas, e não somente a eles.

As reações não demoraram. Justiça seja feita: não houve agressões físicas; neste ponto me respeitaram. Por outro lado passaram a me chacotear constantemente na escola. Encontravam sempre um motivo para me ridicularizar publicamente perante a turma ou, durante o intervalo, no pátio da escola, perante os alunos das outras séries. Começaram a me caricaturar no quadro negro, para que todos rissem de mim (e riam). Chegaram ao ponto de me amarrar na carteira da sala, durante o intervalo, esperando a volta dos demais alunos, para que todos pudessem me ver ali, preso... Sentia-me realmente humilhado. Acho mesmo que foi bullying.

As coisas só amenizaram a partir de quando, em sala de aula, não aguentando mais as humilhações, tendo chegado ao meu limite, me retirei, fui à coordenação e, chorando, delatei um de meus colegas, que foi retirado da sala imediatamente, intimidando os demais. Com o tempo, alguns até me pediram desculpas. Com um pouco mais de tempo, pararam. Mas foram situações tristemente inesquecíveis.
Como disse a pouco, não sofri agressões físicas, mas outros do grupo sim. Era impressionante como faziam tudo gratuitamente, apenas para rirem e fazerem os outros rirem daquela pessoa que, naquele momento, não era gente, era uma "coisa" nas mãos deles.

A adolescência é uma fase difícil e complicada. O papel das autoridades (pais, professores, coordenadores e outros responsáveis) é fundamental e indispensável para estabelecer os limites e impor o respeito.

Cidadania também se ensina e também se aprende.

Um comentário:

  1. Enquanto não for suficientemente difundida a certeza de que a violência psicológica é tão maléfica quanto a violência física, em alguns casos até mais, as pessoas não darão a importância necessária ao problema do Bullyng, que muitas vezes inicia da forma como nos foi contado aqui, podendo passar "de repente" para uma agressão física. Devemos ser mais intolerantes à falta de respeito às diferenças! Isso sim deve ser combatido.

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