Ninguém me cutuca

Gostaria que a gente pensasse mais em como vivemos. Na razão de ser de cada atitude mais elementar do dia a dia. Trata-se de uma espécie de "auto-análise", que faz muito bem e nos ajuda a enfrentar as contradições da vida em sociedade. Não farei comparações com o passado, porque não o experimentei. Deixo esta tarefa para os mais experientes...

Penso que nunca fomos tão exibicionistas como hoje, com essas redes sociais. Este blog reforça a argumentação, já que, se não quisesse "aparecer" com minhas idéias, escreveria em um diário pessoal, trancado a cadeado... Mas algumas coisas perdem o sentido e a autenticidade, especialmente quando se trata das "curtidas" e "comentários" no Instagram, Facebook e etc.

Tenho visto pessoas pedindo a outras para os curtirem nas redes sociais, a fim de que suas publicações façam o máximo de "sucesso" possível... Já vi gente dizendo: "curte, mesmo que não goste, para me ajudar"... Ou melancólico, porque sua foto (dentro do banheiro, no carro ou na academia) não foi "bem curtida"... As pessoas utilizam as redes sociais para pedirem admiração, reconhecimento e atenção nas próprias redes sociais! E não se pensa em outra coisa: todos querem ser artista de televisão, como se isto fosse a melhor referência para a nossa vida...

Não sei se preciso dizer que o virtual jamais conseguirá substituir, à altura, o real. A gente quer fazer sucesso publicamente, porque não o consegue privadamente, com quem está ao nosso lado, nos vendo de verdade... A gente quer "curtidas" - mesmo que falsas - porque talvez não receba um abraço caloroso, uma amizade confiável, um "eu te amo" inocente, um sexo menos performático...

Parece que a gente desistiu de "querer ser". Parece que a gente decidiu "parecer ser"... Tá todo mundo sempre sorrindo, sempre feliz, sempre alto astral, sempre bacana, sempre bonito e arrumado. Só que isso é deprimente, depressivo... Parece que perdemos o rumo de vez... Parece que desistimos de amar... Parece que desacreditamos de nós mesmos e desaprendemos a curtir as coisas boas da vida...

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