Aos malafaias

Participo dessa polêmica como expectador, acompanhando os fatos, lendo, vendo e pensando.

Devo ser contra às manifestações dos pastores e do grupo evangélico, nas ruas, na mídia e na política? Devo ser favorável às reivindicações da comunidade LGBT? O que pensar sobre tudo isso? Como me posicionar nesse arranca-rabo? Tomar partido é, inevitavelmente, contrariar interesses... e estou aqui pra isso, sem agressividades ou disputas, mas disposto ao diálogo e à reflexão.

Queira você ou não, os evangélicos formam um grupo social coeso e numeroso, desta nossa nação cristã. E por isso estão em todo o lugar: na TV, nas rádios, nas ruas, e até mesmo na política, levantando suas idéias e propagando as suas convicções. O grupo rival (acho que posso chamar assim) reivindicam seus direitos, organizando-se politicamente e procurando influenciar toda a sociedade para colaborar com suas propostas, atuando energicamente pelo reconhecimento das relações homoafetivas e todas as suas decorrências. São assim também os socialistas, são assim os liberais...

Qual a diferença entre eles? Que um está certo e outro está errado? Não quero avaliar desta maneira. "Posso não concordar com nada do que dizes, mas lutarei até o fim pelo direito de dizê-lo". Foi em suma o que o filósofo Voltarie nos ensinou, tentando explicar a essência da democracia. Com este espírito democrático, afirmo que os dois estão certos. Não tenho o direito de exigir que os evangélicos fiquem de fora das decisões políticas, porque assim estaria obrigado a também excluir o outro grupo... Quero a marcha para a maconha, para Jesus, e a parada gay. Assim mesmo. O importante é que ninguém seja excluído do direito à participação.

A liberdade individual deve ser exercida. Seja de expressão, seja de comportamento, porque todos merecem ser felizes ao seu modo, e esta possibilidade deve ser garantida, pelas pessoas e pelo Estado.

Dirijo-me, honestamente, aos malafaias:

Discordem daquilo que julgarem errado, manifestem seus pensamentos, transformem o mundo. Mas, exigir que o Estado "proíba" as pessoas de serem o que são, ou escolheram ser e fazer, é interferir na liberdade e na felicidade dos outros. E isto é sagrado. Para eles é sagrado. Se até Deus respeita o livre arbítrio de cada um, porque o Estado haveria de intervir?

Discordar é liberdade, é direito. Proibir, não.

Houve um tempo em que ninguém aceitava os evangélicos...

2 comentários:

  1. Léo,

    Como sempre uma boa lição em poucas palavras. A Democracia não deixa dúvidas quanto a liberdade de expressão. Esse direito se estende a opção religiosa e sexual, assim como a política partidária e a paixão por esse ou aquele esporte. Não entendo como alguém que se considera salvo - pela religião escolhida - nega o mais forte mandamento de Deus: o AMOR, deve ser por analogia ao nome: mal a faia.

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  2. Adorei seu texto. Também penso exatamente assim. Que mania que as pessoas tem de impor sua personalidade sobre as outras, não?

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