Era uma menina alegre e bonita. Tão nova e tão produzida: cabelo curto, envaidecidamente montado, e remontado com as pontas dos dedos a cada sete segundos; pó, maquiagem nos olhos e batom forte; a camisa eu não lembro, mas o short era jeans, resguardando somente o essencial e desfiado nas pontas; pernas brancas e vistosas...
Antecipando a passagem, ela abre caminho à distância, enquanto eu me aproximava...
Era um homem. Era. Um garoto. Não sei o que pensar...
Somos todos juízes, todos os dias, a cada nova situação que se nos apresenta. Qual será a justa sentença?
Tenho todo o direito de sentir qualquer coisa entre os extremos, por qualquer criatura... Isto é até incontrolável, cujas motivações são as mais obscuras... Relaxe.
O meu parâmetro (racional e não emocional) é a felicidade. Este patrimônio acima das leis, da cultura, dos modelos, cujo limite é a infelicidade alheia, o mal ao próximo...
Porque condenar uma jovem como essa à clausura de seu próprio quarto, diante de seu próprio espelho, se o mundo está aí fora, maravilhoso e espaçoso, para a gente ser e viver ao nosso estilo? Essa perturbação não afeta somente a ela... Esse temor não amedronta unicamente a ela... Essa coragem também nos desafia.
"É apenas uma ideia que existe na cabeça, e não tem a menor pretensão de convencer" (Lulu Santos).
Passei caladinho, disfarçando uma naturalidade inexistente, com um certo orgulho no meio do peito...
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