Venho de uma aula. O que é isso?

Venho de uma aula na Universidade, na qual uma professora entra, começa a falar continuamente sem parar, até ser interrompida por um aluno ousado que faz uma pergunta; ela responde e imediatamente com ar de pressa continua a falar, falar, até ser novamente interrompida; e então segue por mais ou menos uma hora e meia neste ritmo até se despedir de nós. O que é isso? Uma aula? Uma obrigação?

Não sei por que valorizo tanto o ambiente escolar e acadêmico; não sei se é porque meu pai é um professor nato e por isso recebi sua influência, mas o fato é que aprendi a importância do conhecimento e provei da euforia do aprendizado, quando feito como troca e interação entre as pessoas.

Aprendi que o professor não é nem de longe o único detentor do conhecimento – em outro sentido pode ser aquele que mais precise aprender – e que o aluno não deveria ser tão passivo em uma sala de aula. Porque fazer de uma aula um sacrifício? Não dói, estamos em um ambiente estruturalmente confortável, com pessoas dispostas a trocar experiências – seja ela qual for. Não há ameaças, agressões, poluição de qualquer gênero. Por que é tão ruim estar em uma sala de aula? Porque os alunos hoje se fazem presentes só para responderem à chamada ao final ou para meramente fazer uma prova em breve?

Não há alegria, não há entusiasmo, não há nada... Olho para frente, vejo um robô que solta uma gravação pré-programada; olho para o lado, vejo robôs parados, esperando a aula acabar... Me dá desespero, raiva, revolta, tristeza, tenho vontade de sair (mas lembro que tenho que responder à chamada), tenho vontade até de chorar... O que me consola são as conversas paralelas que tenho com os vizinhos – pois não consigo me conter parado – e também quando vejo outros colegas fazerem o mesmo, pelo mesmo motivo. Me consola porque vejo que na verdade não somos robôs, somos gente, que nascemos para a interação e para a troca, para o crescimento e aprendizado mútuos.

É tão bom conversar, todos gostam; porque então não fazer da sala de aula um momento de conversa, partilha, troca, debate, discussão, ensino e aprendizagem? Por que um só dando e os outros só recebendo? Que aleijo é esse? Como se diz: o “professor” fingindo que ensina (cumprindo com sua obrigação) e os alunos fingindo que aprende (cumprindo com seu dever). Isto me ofende porque acho que posso contribuir também e tenho certeza que os meus colegas também podem, mas não nos permitem isso. Sinto com se não acreditassem em mim, que não me deixam falar porque o que tenho a dizer não merece confiança, o que eu tenho a dizer é inútil ou errado, sinto o mesmo em relação aos meus colegas.

É incrível como, quando saio de uma aula como essa, saio me achando um burro, um jumento, que não sei de nada, etc. Dá desespero, preocupação, medo, sei lá o quê. Mas quando saio de uma aula onde todos puderam participar, saio motivado, entusiasmado, pensando que, apesar de ainda ter muito o que aprender sobre o direito, estou no caminho certo, vou chegar lá, etc.

As coisas poderiam ser mais fáceis, ou, pelo menos, menos difíceis. Aluno precisa de incentivo, motivação, provocação (no bom sentido da palavra), não de ameaça ou disciplina exagerada. Ele precisa pensar, não reproduzir; criar, não copiar; discordar, não concordar; em fim, ele precisa atuar, ser agente, colaborador; ele precisa aprender com a experiência, com a troca e a interação; e não se colocar como um mero expectador de uma ciência que vem para ele de fora pra dentro goela à baixo!

Me revolta ver dezenas de estudantes com um potencial fantástico dentro de si, mas que no colégio e na universidade são tolhidos, sem espaço, sem direitos, sem nada. Quem sai prejudicado somos nós cidadãos, que não recebemos os frutos de sua experiência, sua inteligência, seu potencial. Muitos no trabalho desabrocham, o que é ótimo, mas outros, como uma professora, nem no trabalho...

O que é isso? Quase um crime.

Amar é saber cuidar

Amar é saber cuidar
Fazer feliz o ser amado
É poupar quem você ama
Evitar ser machucado

É uma arte complicada
Para os que são imaturos
Os que são inconsequentes
E não pensam no futuro

É preciso descobrir
Que não estamos só no mundo
Que o outro também sente
Que seu coração não mente
Quando dói bem lá no fundo

Temos que sair de si
E pensar no ser amado
Colocar-se em seu lugar
E agir pra conservar
Quem se ama apaixonado

Conquistar a cada dia
Mostrar sempre o amor que sente
Que a chama ainda é acesa
Não perder a gentileza
Ser às vezes paciente

Só se aprende a amar alguém
Praticando dia a dia
Sempre com seriedade
Refletindo de verdade
O que fez e o que faria

Temos sempre que aprender
Melhorar a relação
E dos erros cometidos
Tirar sempre uma lição

Não perder a alegria
Não perder a emoção
Saber dar boas risadas
E ter sempre umas piadas
Pra qualquer ocasião

Cultivar o amor ardente
Não deixar morrer a chama
O desejo por quem ama
Deve sempre estar presente

É cuidar do ser amado
Proteger c'unhas e dentes
Aprender com o bom soldado
Destemido e bem armado
Vigiar os "inocentes"

E pros homens que ainda amam
Uma mulher ou uma menina
É preciso mergulhar
Não temer nem se afogar
Dentro d'alma feminina